sábado, 15 de março de 2008

Unity

Que bom é entregarmo-nos totalmente ao momento, sem receios nem inibições. Que extasiante é comunicarmos com o próximo, sem medo, fundindo as nossas almas. São tão raros os momentos em que se vivencia tal liberdade. E porque? Porque é tão difícil sermos apenas nós próprios? Porque é tão difícil sermos transparentes, autênticos, sinceros, genuínos, livres... Porquê tanta dificuldade em transpor as barreiras invisíveis, ilusórias, do medo?
Quanto mais conhecemos as camadas mais profundas do nosso ser, quanto mais sedimentamos, quanto mais nos integramos, solidificamos e condensamos, maior é a coesão. E quanto maior a coesão, maior a segurança. E quanto mais seguros somos, maior a protecção contra a erosão das pressões sociais. O escudo do nosso auto-conhecimento reflecte os raios do medo de volta...
Mas de volta para onde?
Esse medo não provém do exterior, mas sim de dentro de nós, e somos nós que permitimos o crescimento dessa erva daninha interior. A própria pressão social cresce e fervilha dentro de nós, não é exterior, é ficção. A nossa necessidade de nos sentirmos seguros e integrados leva-nos a copiar os outros e aliar-nos ao rebanho, moldando o nosso ser. Essa necessidade constante de ajustamento é o medo profundo que nos limita permanentemente e nos impede de sermos transparentes. E essa fricção eterna entre o que somos lá no fundo e o que julgamos ter de ser para nos adaptarmos e não sermos rejeitados... essa pressão é um fardo gigantesco que cada ser humano carrega ao longo da sua vida. Não admira que não consigamos ser verdadeiramente felizes, profundamente e constantemente felizes, quando vivemos em constante (apesar de inconsciente) esforço.
Será possível solidificar o nosso ser a tal ponto, que nos tornamos livres de sermos quem já somos? Será possível fazer a vida pulsar com tal intensidade nos nossos corações, que se cria uma barreira que não é uma barreira, mas sim uma ponte. É uma barreira porque nos protege de nós próprios, das limitações que nos auto-impomos, do medo... mas é também uma ponte. É uma ponte para os outros, uma porta para o amor, uma janela que se abre para a vida e dá a conhecer o céu da liberdade.

segunda-feira, 3 de março de 2008

My plastic heart cannot love

O meu amor é como um rio. Um rio tão vasto cujas margens se encontram fora do alcance de qualquer olhar, tão extenso cuja foz se encontra a um milhão de anos-luz da nascente. A força da corrente possui em si a força de mil paixões, e a vida brota dentro das suas águas. Mas o rio é travado por uma barragem, e a barragem é o medo. O medo é essa barreira que transforma o rio numa energia diferente, transforma o amor em algo que muitos chamam de amor.
Mas o verdadeiro amor apenas existe quando o rio atinge a eternidade do oceano. Apenas quando o rio se abre para o mar, e se relaciona com o todo, com o próximo, existe amor. O meu coração é a nascente de um rio chamado amor, e esse rio é do tamanho do universo. A energia desse rio pulsa continuamente e pede para eclodir. Mas falta a fórmula, a chave, que liberta o coração das garras do medo, que fará o meu ser explodir numa supernova infinitamente brilhante, com um leque de cores inimaginável, e um aroma adocicado a paz e liberdade.