quarta-feira, 28 de março de 2007

Vida

O coração é uma porta que se nos abre...
Abre-nos para o mundo, abre-nos para os outros..
Abre-nos para uma imensidão de estrelas e de tesouros...
O coração abre as portas do amor eterno e omnipresente
E revela-nos a verdadeira essência do mundo que nos rodeia
Tudo é amor, tudo merece ser amado...
Nestas simples linhas abro o meu coração...
Nestas linhas o meu coração se abre como uma flor...
E irradia a sua luz pelo mundo

Assim como o rio flui para o mar
Assim como a brisa corre no ar
O coração faz a noite partir
O coração faz a vida sorrir

O seu sangue corre nas veias da vida
O seu bater da azo à paixão ardente
O seu amor escorre-me por entre os dedos
E sinto-me vivo e quente

O seu calor emana o espírito
daqueles que têm coragem de o seguir
E eleva-os...
e exalta-os...
e brilha...
como um astro no centro do seu peito...
e ergue-os a direito
fa-lo com preceito
rumo a um céu que é o seu próprio ser
e que é o amar...

segunda-feira, 26 de março de 2007

Fogos Fátuos

"A vida do homem é uma grande caminhada que ele faz através da noite, rodeado de inimigos invisíveis, torturado pelo cansaço e pela dor, em direcção a uma meta que poucos podem esperar alcançar, e onde ninguém pode deter-se por muito tempo. Um após outro, à medida que avançam, os nossos companheiros afastam-se da nossa vista, apanhados pelas ordens silenciosas da morte omnipresente. É muito curto o lapso durante o qual podemos ajudá-los, durante o qual se decide a sua felicidade ou a sua miséria. Oxalá nos caiba derramar a luz do sol na sua senda, iluminar as suas dores com o bálsamo da simpatia, dar-lhes a pura alegria de um afecto que nunca se cansa, fortalecer o seu ânimo quebrado, inspirar-lhes fé nas horas de desespero"
Bertrand Russell

Acho este texto profundamente inspirador. A vida da maior parte das pessoas é um caminho repleto de desafios, testes, muitas vezes sobre a sombra da dor. Há quem tenha a força de transformar esse percurso num caminho de luz, de transformar a dor em crescimento, de superar os desafios, um a um, por si próprio. No entanto, grande parte das pessoas não o consegue fazer, e cede ao medo e à angústia, que dão lugar a conformismos disfarçados de bem-estar e prazer.
Imaginemo-nos na situação descrita no texto: vagueamos pelo escuro (a vida), frequentemente tropeçando em inimigos de todos os tipos, enfrentando todo o tipo de desafios, passando por vários tipos de dor. De vez em quando cruzamo-nos com outras pessoas que percorrem os seus caminhos, muitas vezes similares aos nossos, outras totalmente diferentes. Há duas situações possíveis: as pessoas com quem nos cruzamos contagiam-nos com a sua angústia e tristeza, com a sua dor ou mesmo e apenas indiferença, em nada contribuíndo para a nossa caminhada; ou então contagiam-nos com a sua alegria e optimismo, partilham connosco um sorriso e dão-nos uma nova força para caminhar, nem que seja por mais uns metros.

Eu sou apologista da segunda situação. Como tal, defendo que não nos devemos cruzar com ninguem sem partilhar algo de bom com essa pessoa, sem lhe oferecer algo que a faça ficar bem disposta mesmo que por uns segundos... nem que seja apenas um sorriso.
Não exige muito de nós, redobra as nossas energias e o nosso ânimo e, acima de tudo, faz uma diferença (mesmo que seja pouca) no dia de alguem.

sábado, 24 de março de 2007

Uno

Sento-me à janela
e ponho-me a pensar...
Deixo os pensamentos fluirem pelo céu da mente
tal qual as nuvens que deslizam suavemente no horizonte
Deixo expandir a consciência até me tornar ciente da minha insignificância...

O espírito humano é tudo, um mundo, o universo
no entanto não é nada...

Por entre um universo infinito, com milhões e milhões de galáxias, vivemos num minúsculo planeta, que orbita à volta de uma das inúmeras estrelas do universo, numa suburbana dessas galáxias... 6 Biliões de almas movem-se na azáfama da sua insignificância, como se fossem o universo.
No fundo somos uma parte desse universo, todos somos um, partilhamos a mesma energia, mas não da forma que as nossas almas ingénuas se iludem. Somos tanto como cada núvem ou pássaro no céu, tanto como cada árvore que cresce ou cada rio que flui, somos pó das estrelas que se engrandece a si próprio...
Que falta de humildade...

Deixo o céu e as núvens entrarem em mim, abro o coração e deixo entrar em mim o universo, dissolvo-me na imensidão do infinito e eterno...

Eu sou o mar, sou o vento e as estrelas, sou infinito e imortal, eu sou tu e tu és eu...

Quem sou eu...?

sexta-feira, 23 de março de 2007

We Are One

Porque se sentem tão feridas as pessoas quando são olhadas nos olhos? Será que sentem que o seu espaço é violado? Será que receiam que o olhar alheio perscrute e consiga ter um relance do mais íntimo das suas almas? Será por isso que depressa afastam o seu olhar para um sítio distante, lá bem dentro de si?

Porque reage a maior parte das pessoas com frieza a demonstrações de simpatia, carinho e compaixão por parte de desconhecidos?
Porque não se conseguem as pessoas abrir para com estranhos, como se de irmãos tratassem? Porque existe a timidez, a vergonha?

Vou na rua e vejo centenas de amigos a cada passo que dou. Vejo um cento de espíritos únicos e bonitos, cada um à sua maneira. Espíritos especiais, mas presos... presos às correntes da vergonha, do medo, e um milhão de outros sentimentos negativos.

Ai quem me dera poder viver num mundo de espíritos livres... um mundo onde pudesse sorrir para toda a gente, sem que me retribuíssem um olhar de espanto. Um mundo onde pudesse abraçar quem comigo se cruzasse na rua, como demonstração de amor fraterno. Que bom que era poder chegar ao pé de um desconhecido e dizer "essa roupa fica-te tão bem", "és muito especial, sabias?", "adoro a forma como sorris", ou "olhar para ti faz-me querer sorrir", ou simplesmente... "gosto muito de ti, irmão".

Não passa de uma utopia, mas cabe a cada um de nós ajudar um pouco para que o mundo onde vivemos se transforme gradualmente... e para que reine o amor entre uma espécie, onde tem reinado um grande afastamento entre amigos, uma enorme frieza entre irmãos, um luto constante...

Cabe a cada um de nós mudar a forma como olha para o mundo, e começar a olhar para o próximo como um ser Humano, que tem medos e que falha, tal como nós. Um ser Humano complexo, que tem carências tal como nós. Cabe a cada um de nós olhar, ver, e compreender. Ver que, independentemente do sexo, faixa etária, estrato social, etnia, religião, ideologia... somos todos iguais... todos Humanos... e todos irmãos.

terça-feira, 20 de março de 2007

Uma estrela eterna

Algumas pessoas deviam viver para sempre, para que a luz emanada pela sua alma radiosa pudesse para sempre iluminar as nossas vidas. Há diversas pessoas que marcaram de forma profunda as disciplinas onde actuaram, e que serão para sempre lembrados pela Humanidade, seja pelas suas descobertas científicas, criações artísticas, ou odisseias humanistas.
Hoje não me apetece partir por devaneios abstractos, em filosofias, psicologias, ou utopias... Hoje apeteceu-me prestar homenagem a um grande Homem, uma personalidade que na minha opinião marcou a história da música, pela capacidade de expressar a sua alma através da mesma música, pelo seu carácter único, absolutamente inconfundível.


Claro que me estou a referir a Farrokh Bulsara. O grande homem cuja presença em palco levou à euforia multidões, e marcou gerações, cuja indumentária tão excêntrica e característica nunca será esquecida, e cuja voz ecoará durante muitos e muitos anos.
Nasceu a 5 de Setembro de 1948, em Stone Town, na ilha Zanzibar, e foi educado em Mumbai, na Índia, onde deu também os primeiros passos na educação musical, aprendendo piano. Com 18 anos, foi para Inglaterra onde se licenciou em Design Gráfico e Artístico. Mais tarde, juntou-se à banda Smile, que pertencia a um colega universitário, com quem ensaiou e onde ajudou a escrever algumas letras. Ao mesmo tempo foi tendo outras experiências noutras bandas, alternando entre guitarrista e vocalista. Por fim, quando o vocalista dos Smile abandonou a banda, Farrokh voltou a "tempo inteiro", tornando-se vocalista e mudando o nome da banda para Queen.

No que toca a relacionamentos, teve uma única mulher ao longo de toda a sua vida, chamada Mary, que considerava a sua melhor amiga e o seu único e verdadeiro amor, mantendo relações com inúmeros amantes, masculinos, visto ser assumidamente bissexual.

Claro que este Homem de calças brancas e casaco amarelo, que vivia de forma tão apaixonada, e contagiava todos os que ouviam com essa paixão, ficou mais conhecido por outro nome: Freddy Mercury.

Dia 24 de Novembro de 1991, Farrokh morre em sua casa, com pneumonia derivada de SIDA, deixando para trás milhares e milhares de corações partidos, e uma extensa discografia, com inúmeros títulos que marcaram a história da música, como Bohemian Rhapsody, We Will Rock You, We Are The Champions, A Kind Of Magic, Another One Bites The Dust, e muitas muitas outras...

Que mais há para dizer...?

Rest in peace, Freddy...

quarta-feira, 7 de março de 2007

My Way...

Para mim a felicidade depende de poucas coisas... é essa a vantagem de nos conhecermos, eliminamos o que não é indispensável, cingindo-nos a poucas coisas mas de grande valor para nós. Por isso acho que o auto-conhecimento simplifica a vida.
Os meus maiores objectivos são poucos, mas suficientes para ocupar uma vida inteira. Não peço uma boa casa, um carro potente, nem o último modelo de plasmas da Sony. Aliás, nem televisão quero!
Para mim os grandes desafios da vida são o auto-conhecimento, a auto-melhoria, a aprendizagem, e uma contribuição para o desenvolvimento humano.
O auto-conhecimento é a mais bela das viagens... uma misteriosa e profunda viagem, que nos leva a conhecer os mais recônditos recantos do nosso espírito. É uma viagem sem fim cujos prazeres são indescritíveis e, acima de tudo, únicos!
A auto-melhoria, ou como diriam os mestres Zen japoneses, o "Kaizen", consiste na auto-avaliação e auto-crescimento contínuo e permanente. Consiste numa atenção constante dos nossos pensamentos e acções. Aperfeiçoando o que se desenrola dentro das nossa mentes, aperfeiçoamos as nossas vidas. Se estivermos atentos poderemos reforçar e desenvolver os nossos pontos fortes, e eliminar os pontos fracos, assim como atingir uma interacção harmoniosa com os outros seres humanos.
A associação do auto-conhecimento e da auto-melhoria é indispensável, e permite eliminarmos, um a um, todos os nossos medos e todos os pensamentos que de alguma forma reprimem as nossas acções. Permite também identificar os nossos pontos fortes, os nossos talentos, e desenvolvê-los ao máximo.
A aprendizagem, por sua vez, impede-nos de estagnar, faz-nos crescer cada vez mais, num sentido diferente da auto-melhoria... O sentido da aquisição de sabedoria. O prazer de aprender é dos maiores na vida, faz-nos sentir mais completos, mais capazes, e acima de tudo faz-nos querer aprender mais.
Julgo que a finalidade de todo este crescimento é por as nossas capacidades ao serviço da espécie, ao serviço do planeta, de uma comunidade cada vez mais global. No final da nossa vida nada terá mais importância para nos do que o bem que fizemos aos outros. Somos um só povo, uma unidade diversificada, uma unidade plural, e temos de nos consciencializar do nosso papel como "cidadãos do mundo".

No fundo, e na minha opinião, o sentido da vida é tornarmo-nos aptos a dar uma contribuição válida ao mundo, e não sermos "apenas mais um" que vagueia pela superfície terrestre. E tornamo-nos aptos através do auto-conhecimento, da auto-melhoria e da aprendizagem. A missão fundamental de uma vida tem carácter genético e Humano. Genético porque devemos obedecer aos nossos genes, e dar essa nossa contribuição para participar na sobrevivência da espécie. Humano porque essa contibuição deve visar também e acima de tudo um desenvolvimento Humano. Não um desenvolvimento apenas tecnológico e económico, mas um desenvolvimento do ser humano na sua totalidade. Um desenvolvimento individual que o arme com as competências para enfrentar a vida de forma autónoma, e um desenvolvimento social, com uma inerente participação activa e democrática na comunidade mundial.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Diz-me quem és, e serás feliz

O auto-conhecimento é o caminho para o nosso destino, é o caminho para sermos nós próprios, nos tornarmos únicos. E que quero eu dizer com destino? A minha interpretação de destino é apenas atingirmos aquilo que temos de atingir, a felicidade... e a felicidade atinge-se fazendo o que gostamos de fazer, tendo as coisas a que damos mais valor, sendo nós próprios. O problema é que a maior parte das pessoas nem sabe responder a essas simples questões. Quando respondemos a essas questões, quer dizer que nos tornamos únicos, cientes da nossa singularidade.
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Quem sou eu? Que quero fazer eu nesta vida? Qual é o meu maior objectivo? De que é que eu mais gosto? Não é assim tão vulgar conhecer pessoas que saibam responder a estas perguntas sobre si... É tão frustrante olhar ao espelho e não sabermos descrever a pessoa que vemos...
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E porque é que o auto-conhecimento é tão importante para atingirmos o nosso destino?
Quanto melhor sabemos o que queremos, mais força temos para o atingir... acho que isto é garantido... quanto melhor sabemos o que queremos, mais convictos nos tornamos, e mais força temos para seguir essas convicções. Por outro lado, quanto melhor nos conhecemos e sabemos como funcionamos, mais facilmente usamos todos os recursos que temos à nossa disposição (assim como usamos melhor uma ferramenta melhor quanto mais percebemos como ela funciona).
E o auto-conhecimento é tão importante para a nossa felicidade, porque nos permite perceber a forma como funcionamos, descobrir do que mais gostamos, e o que realmente queremos fazer ao longo da nossa vida. Depois de termos todas essas certezas, e de sabermos como agir de forma a sermos o queremos ser, seremos muito mais eficazes na obtenção da vida que queremos. É muito vulgar encontrar pessoas que se queixam por não terem a vida que desejam, quando nem sabem realmente o que desejam da vida.
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Quando nos conhecemos, deixamos de interpretar o papel da nossa personagem social, para nos moldarmos cada vez mais... e cada vez mais nos dirigirmos em direcção ao que nascemos para ser... Simplesmente nós próprios. Há alguma coisa pela qual valha a pena lutar mais? Dinheiro? Posses? Prazer? Tudo é superficial, quando comparado ao que se passa bem dentro de nós. E mesmo para aqueles para quem esses valores externos e efémeros são mais importantes, o autoconhecimento é uma mais valia, pois é a melhor forma de os obter e desfrutar deles. Quanto melhor nos conhecermos, melhor nos deslocaremos na estrada da vida, e saberemos para onde essa estrada nos levará.
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Muitas pessoas (demais) julgam que o autoconhecimento é algo secundário... primeiro devemos nos dedicar ao estudo, depois a uma carreira, depois à construção de uma família... e depois, pode ser que sobre um tempinho, quem sabe na reforma, entre dois jogos de dominó, para a reflexão pessoal, e para nos conhecermos. O que não percebem é que nos devemos conhecer primeiro, para poder eliminar da nossa vida tudo o que é irrelevante. Para descobrirmos quais as coisas que mais queremos da vida, pelas quais daríamos tudo... Aí sim, teremos certezas das coisas que fazemos, pois estão de acordo com a nossa consciência, e agiremos com uma total auto-confiança, pois auto-confiança e dúvida não podem coexistir.
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Conhecendo-nos a nós próprios, marcharemos triunfalmente e de forma confiante, rumo a objectivos por nós traçados, e a nossa vida será um único e contínuo prazer.
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So, how well do you think you know yourself?