segunda-feira, 3 de março de 2008

My plastic heart cannot love

O meu amor é como um rio. Um rio tão vasto cujas margens se encontram fora do alcance de qualquer olhar, tão extenso cuja foz se encontra a um milhão de anos-luz da nascente. A força da corrente possui em si a força de mil paixões, e a vida brota dentro das suas águas. Mas o rio é travado por uma barragem, e a barragem é o medo. O medo é essa barreira que transforma o rio numa energia diferente, transforma o amor em algo que muitos chamam de amor.
Mas o verdadeiro amor apenas existe quando o rio atinge a eternidade do oceano. Apenas quando o rio se abre para o mar, e se relaciona com o todo, com o próximo, existe amor. O meu coração é a nascente de um rio chamado amor, e esse rio é do tamanho do universo. A energia desse rio pulsa continuamente e pede para eclodir. Mas falta a fórmula, a chave, que liberta o coração das garras do medo, que fará o meu ser explodir numa supernova infinitamente brilhante, com um leque de cores inimaginável, e um aroma adocicado a paz e liberdade.

14 comentários:

Uma Estrela disse...

“Amar” e “amar”... Amar é a palavra mais dura e mais infiel de todas. Pois que triste seria Amar se Amar se pudesse expressar numa simples palavra.

Amar é um movimento perfeito de expansão além limites, além fronteiras. É a brisa que mal se sente e o vento rebelde que se ergue imponente rumo aos céus. Quanto poder pulsante e normalmente dormente... Força capaz de dissolver todo o Ser, e como se torna pequena a Consciência Humana perante essa torrente. É a percepção de mim perante a imensidão infinita do Universo. Na sua fonte, no seu Centro de fogo fulgurante, o Eu perde os seus limites e deixa de ser individual... que experiência deveras assustadora. Profunda desidentificação de mim perante mim mesmo e, ao mesmo tempo, nada sou mais Eu do que esse mesmo Centro. Como conter um pequeno núcleo extremamente reactivo e nuclear no coração de um corpo físico, frágil e mortal. Quanta Alegria... e quanta Dor Profunda. Que imperfeito é o Ser Humano por não ser capaz de viver constantemente imerso nesse mar sem limites... e no entanto que extraordinário é o Ser Humano por ser capaz de conter em si tamanha torrente. Que maravilha encontrarmo-nos despertos para esse Brilho Incandescente... e que tristeza por nos encontramos assim, em nós mesmos encerrados, sabendo que na verdade somos muito mais.

Amar acima de tudo este Amor que nos habita e, conscientes de que todos os medos que nos habitam pertencem apenas a este momento, a esta realidade inexistente, mergulhar nas água eternas da nossa verdadeira Existência. Que suprema a experiência da união destes Núcleos Ígneos...! talvez então se silencie um pouco a dor da Alma que nos acompanha... talvez então encontremos finalmente o “lugar” onde verdadeiramente pertencemos nesta vida... talvez então as pedras do Caminho se tornem mais suaves...

Anónimo disse...

Lindo!...

Sleeping Buddha disse...

:)
não será possível erguermo-nos acima das pedras do caminho... e flutuar...
libertar-nos dessa prisão de medo totalmente, e de uma vez por todas...?

Uma Estrela disse...

Medo é uma condição inerente ao Ser Humano e à vida sobre a Terra.
O Medo advém do ‘Não Saber’, do ‘Não Conhecer’, que caracteriza a nossa condição Humana e limitada.
A maioria de nós não sabe quem é, de onde vem nem para onde vai e, tal como referes em outro de teus textos, isso traduz-se por Medo do Presente, Medo do Passado e Medo do Futuro. No fundo temos medo de quê? Penso que o maior dos medos que os habita é o medo de sofrer. Muitos diriam que é o medo de morrer mas a morte humana é apenas um momento, apenas a diferença entre estar do lado de cá ou do lado de lá de uma porta, independentemente do quer que acreditemos (ou não) que existe do lado de lá (Luz, Trevas, Fim, Novo Começo, Novo Caminho, Nova Vida...). Em última instância a morte é um suspiro e nada mais. O sofrimento já não. O sofrimento prolonga-se no tempo e destroi o que Somos. Destroi as nossas convicções, as nossas crenças, as nossas esperanças, a nossa capacidade de sonhar, a nossa capacidade de Amar. E, por essa razão, tememo-lo e procuramos defendermo-nos deste mal que nos ameaça a todos, numa vã tentativa de nos auto- preservarmos. Para nos protegermos recolhemo-nos em nós mesmos e escondemo-nos dos outros. O amor que vivemos então não é Amor. Amor é entrega, união, partilha. E nós vivemos num estado basicamente egoísta, fechados sobre nós mesmos. Tememos essa entrega porque ela nos expõe e nos deixa vulneráveis e em seu lugar inventamos relações duais, frágeis, passageiras, efémeras... Dizemos que isso nos preenche, o que sabemos não ser verdade, e o vazio que fica e se alastra em nós causa o mesmo sofrimento que procurámos evitar ao fecharmo-nos sobre nós mesmos. O sofrimento traz-nos mais medo e reforça a ideia de que temos de nos preservar e defender dos outros. Assim entramos numa espiral circular que nos arrasta cada vez mais para baixo.
Estas são as nossas pedras. Erguermo-nos e flutuar acima destes ciclos viciosos...? Sim, também quero :) Às vezes sonho que posso voar, que tenho asas, mas não sei como o fazer. Por momentos digo a mim mesma que não posso pensar no ‘como’, que tenho simplesmente de acreditar e de o fazer, porque no meu âmago conheço a fórmula. Salto e ergo-me no ar, e sinto-me livre, e completa, e perfeita... em Paz e repleta de Alegria Profunda. Contudo, a minha mente que não sossega procura logo compreender e analisar através de olhos humanos aquele fenómeno. E sinto-me descer, sem saber como poderei voltar a erguer-me... e os meus voos são sempre curtos, as minhas aterragens sempre tristes....
Mas não faz mal :) Houve alturas em que estes ciclos me atormentavam profundamente. Agora que cresci mais um pouco a minha visão mudou de plano. Vejo a Vida como uma aventura daquelas como as dos livros de fantasia que tanta companhia me fizeram na minha infância. Quando os lia desejava sempre poder deixar este mundo e poder fazer parte de outro, de uma história fantástica que desse sentido à minha vida. Mas depois percebi que o que eu achava magnífico o herói das minhas histórias via como uma provação repleta de angustias e incertezas. Ele também não compreendia o sentido da sua vida. Procurava respostas que não lhe eram dadas. Partia em buscas sem saber ao certo o que buscava. E perdia companheiros de viagem pelo caminho. Amava, ria, chorava e sofria... sempre sem ter consciência de si próprio como o herói daquela história. Quando percebi isso sorri e deixei de odiar esta vida. No fundo todos podemos ser heróis de histórias fantásticas. As pedras do caminho são as peripécias do herói, a nossa busca a Busca da Verdade, a Busca de Nós mesmos. :)
Assim que venham mais pedras e mais desafios, para que a minha aventura seja ainda mais completa, mais fantástica, mais apaixonante. Que a minha Vida seja a maior aventura fantástica de todos os tempos! :)

Peço desculpa por estas minhas divagações.... Uso o ‘Teu Espaço’ como se ele fosse Meu :) Mas sinto-me verdadeiramente feliz e grata por estas pequenas grandes partilhas e sintonias :)

Sleeping Buddha disse...

não tens de pedir desculpa..
eu é que tenho de agradecer, tamanha inspiração é sempre benvinda :)
Eu não o teria dito melhor...
um dos alicerces da felicidade é a nossa capacidade de aceitação das diversas facetas da vida, daquelas que nos agradam, e das que à partida nos deixariam tristes (à partida, pq acho que a partir do momento que as aceitamos o seu impacto em nós se torna muito mais ténue...)
É a capacidade de aceitação da vida como uma aventura misteriosa, repleta de peripécias, descobertas...
Sei do que falas quando mencionas esses curtos voos e aterragens tristes... não podia compreender melhor. Os voos são curtos, mas intemporais, e valem pelo infinito na dimensão do tempo. Mas depois o pensamento "tem" de tentar compreender e destroi a beleza do momento. Mas acredito que com dedicação podemos tornar esses voos cada vez mais longos... e quem sabe atingir um lugar tão distante do pensamento, um lugar de ser, onde todas as muralhas caem, onde sentimos o extase de fazer parte de tudo... :)

Não ha pachorra disse...

Alguém anda apaixonado por ai :P

Sleeping Buddha disse...

alguem anda à procura de algo...
se é paixão, se é amor, se é liberdade... isso não sei dizer! As palavras são refracções dos sentimentos.
Também não sei se vale a pena procurar o que quer que seja, ou se será melhor entregarmo-nos à vida e aceitar o que quer que ela nos ofereça...
mas a minha alma anseia por amor...
:)

Laranj@ disse...

Porque custa tanto amar?

Sleeping Buddha disse...

Antes de mais, o que é amar?
Segundo o vulgar conceito de amar... não é assim tão difícil fazê-lo, mas não haverá um tipo de amor diferente?
Um amor que é liberdade, que é total transparência e compreensão...
Só com essa transparência pode haver a intimidade e união do amor. Só com a compreensão da importância da liberdade do outro pode ser ultrapassado o conflito...
De qualquer forma, o amor que conhecemos... o amor da mente, o amor pensado e falado... esse não é amor.
Mas nós vivemos o amor da mente, onde há também ódio, ciume, medo de sair magoado, de perder a outra pessoa... esses constantes medos da mente são a barreira que nos impede de nos unirmos verdadeiramente a alguém...
mas ainda há esperança, para aqueles que persistem e fazem da busca do amor a meta da sua vida :)

Laranj@ disse...

Não me digas que já perdeste esperança de alcançar essa meta?

A maneira como falas é tão distante... O que te impede de o fazer?

Porque te custa tanto amar? Se (e citando a estrela) "Amar é um movimento perfeito de expansão além limites, além fronteiras." nunca deixaríamos de o perseguir, correcto? O medo que dizes ser a nossa maior barreira não nos deveria impedir de procurar, de arriscar.. mas inevitavelmente nao o conseguimos evitar.

DSC as perguntas, não te peço que lhes respondas, só gostava que reflectisses sobre elas, pareces tão pessimista quanto ao assunto.

Até à próxima :)

Sleeping Buddha disse...

:)
eu nem falaria em termos de esperança... claro que se não acreditasse desistiria, mas acredito que é possível ultrapassar todos os medos. Por isso a minha vida é uma viagem constante de aproximação dum estado interior de liberdade, único sítio onde pode florescer o amor na minha opinião!
Não acho que seja pessimista. Sou até uma pessoa muito (demasiado, às vezes) optimista, mas acho que a situação em que nos encontramos como seres humanos é má, e nesse sentido sou realista. O ser humano é um ser imerso em sofrimento (e não falo so sofrimento físico), duma instabilidade interior imensa.
Mas eu sinto-me muito feliz, porque todos os dias são oportunidades de melhorar, e me aproximar da liberdade, do amor, de tudo o que julgo valer a pena ser alcançado...
:)
Um abraço!

Anónimo disse...

Bem dito! Na realidade não tinha conhecimento desses teu dotes poeticos. lol.
De facto, de que vale a condição humana se não formos capazes de amar? acredito mesmo que esse é o objectivo máximo da nossa existência e, devo acrescentar, que é também, na minha opinião, o nosso maior desafio.
Depende muito da nossa capacidade de dar, de sermos altuistas.
De sonhar, sorrir, brincar, apoiar, comprender, perdoar e, até chorar por vezes.
Acima de tudo não ter medo de se expôr, (e aqui está a grande dificuldade para a maioria das pessoas) temos de ser genuinos.

Espero que o consigas encontrar um dia :)

Um abraço

Sleeping Buddha disse...

gostava de saber de onde nos conhecemos :)
sim, a grande dificuldade consiste nessa exposição da nossa verdadeira faceta, no alcançar dessa genuinidade! É mais fácil imitar, seguir a maioria, afastando o risco de ser rejeitado, incompreendido, mas isso cria uma divisão interior em nós, e afasta a possibilidade da verdadeira felicidade. O primeiro passo é o auto-conhecimento, para depois podermos exteriorizar a beleza daquilo que somos... e só nessa entrega sem medo pode haver amor na minha opinião :)

Um abraço!

Anónimo disse...

intiresno muito, obrigado