sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O todo e mais um

Mil milhões de átomos de hidrogénio e oxigénio ligados e condensados num estado líquido, límpido e infinitamente belo.
Um infinito de clorofila amontoado, com vida a percorrer todas as suas moléculas, sob a forma de seiva, num leque de verdes tornados amarelos pelo brilho do sol poente.
Um mar azul gradualmente mais escuro, reflectido na eternidade dum lago...
E o dia vai-se...
Os raios luminosos recolhem-se tal qual onda do mar que se retrai perante as imponentes areias para mais tarde voltar à carga, mutando a realidade, e dando lugar a um brilho reflectido, ténue e noctívago.
Perfeito...
Simplesmente natural...
Perfeito é natural?
Será a natureza perfeita?
A natureza é perfeita, mas contém o Homem, e o Homem não é perfeito...
Duvidar da perfeição da natureza?
Ou crer nessa perfeição, duvidando antes do carácter natural do Homem?
Talvez do carácter natural da maior parte dos Homens, que se afastam da sua natureza, da natureza...
Este vírus impregnado de avidez consome a perfeição que o rodeia, autocorrompendo-se eternamente numa busca inconsciente de extinção que fechará o ciclo, e devolverá a perfeição à natureza.
Ser natural é não ser, ser natural é sentir...
Ser natural é abdicar da dor de pensar, apenas existir...
É integrar-se no todo, voltar à origem, fundir-se com a perfeição de mil milhões de átomos condensados a níveis diferentes... pura energia.

sábado, 17 de novembro de 2007

A gula do ego

O Homem vive numa busca constante. A sua mente parte permanentemente numa busca de algo que faça crescer o seu ego de alguma forma. Aquilo que com que nos identificamos torna-se parte do nosso ego. Identificarmo-nos com entidades superiores a nós acresce uma grande parte ao nosso ego, pessoas e ideologias partilhadas também, mas os simples ganhos da nossa vida também o fazem. Ganhos materiais, ganhos mentais e emocionais dão-nos uma sensação passageira de bem-estar, porque nos identificamos com o que ganhamos, e o nosso ego se sente maior, mais complexo. Essa sensação de bem-estar rapidamente desvanece, sendo aquilo que foi ganho desvalorizado, vulgarizado, e dando origem a um reacender da busca de algo novo, originada pela constante sede do ego de se fortalecer. Mas este ciclo não tem fim...
E este ciclo não tem sentido, pois não leva à realização plena, apenas se prolonga ao longo das nossas vidas. Leva a uma realização que é instável e não é livre, por depender se factores externos, e do constante alimentar do ego.
Quando se compreende a futilidade desta busca, e se está atento a esse impulso constante de procura, começa-se a abandonar o ciclo, e assim essa busca. Essa observação de nós próprios permite um estado de presença mais intensa, de satisfação e realização plenas. A orientação deixa de ser de busca de algo mais, e passa a ser de contemplação do que temos e do que já somos. A realização passa a ser o facto de estarmos vivos...
Essa realização é verdadeira, logo estável, plena e independente de tudo o resto.

domingo, 4 de novembro de 2007

Uma questão de rédeas

Um dos maiores erros que podem ser cometidos, na minha opinião, é a crença na incapacidade das pessoas de controlar o que paira nos seus domínios mentais. Um crença conformista em que não nos é possível determinar a nossa forma de pensar e, consequentemente, moldar a nossa personalidade e a nossa vida. Está ao nosso alcance o domínio mental que nos permite controlar os nossos pensamentos, eliminando de vez frases como "não consigo parar de pensar nisto" ou "não vou conseguir". Quando detemos um determinado domínio mental, temos cada vez maior capacidade de escolha daquilo que pensamos perante as circunstâncias com que nos deparamos, daquilo que pensamos de nós e de tudo o que nos rodeia.
Quando atingimos este nível de domínio mental, conseguimos adoptar uma perspectiva optimista, que derruba grande parte das limitações à nossa felicidade e realização pessoal. Perante determinada circunstância, escolhemos adoptar um tipo de pensamento positivo, e com o tempo criamos um hábito de pensamento positivo constante. E o pensamento positivo dá-nos força, fortalece a nossa crença em nós e no poder e alcance das nossas acções. Tomemos por exemplo uma situação em que nos deparamos com uma dificuldade: um pessimista que tem uma abordagem negativa, mais facilmente se sente desencorajado que um optimista, que transforma a dificuldade em desafio, com o poder do seu pensamento positivo, e sente uma força a crescer dentro de si, uma motivação para ultrapassar esse desafio.
O poder do pensamento positivo não tem fim. Potencia as nossas capacidades, aumenta o nosso bem estar geral, e aumenta a nossa longevidade. Com tão grandes vantagens em relação à abordagem pessimista, muitas vezes me questionei porque as pessoas não escolheriam pensar assim sempre... e não encontro outra resposta que o facto de não saberem ou acreditarem que podem escolher o que pensam a todo o momento. A nossa mente não tem necessariamente de ser um projector automático de pensamentos, sendo possível assumir o controlo.
E, como os nossos pensamentos se reflectem na nossa vida, como a qualidade dos nossos pensamentos se reflecte na nossa qualidade de vida, a partir do momento que começamos a dominar a forma como pensamos, começamos a ter maior controlo sobre a nossa vida, e a começar a obter dela o que pretendemos. O conjunto dos nossos pensamentos, da nossa forma de pensar, forma um paradigma em relação ao mundo que nos rodeia, que determina a nossa interpretação, postura e acções em relação a esse mesmo mundo. O importante é perceber que esse paradigma não é imutável, podendo ser moldado a nosso gosto, afectando consequentemente a nossa interacção com o que nos rodeia. E uma das bases fundamentais de um paradigma bem sucedido é o optimismo, que mantém o ânimo e a determinação, que mantém a crença... e aquilo em que acreditamos torna-se real para nós...
Controla os teus pensamentos, e controlarás a tua vida.