sábado, 21 de abril de 2007

A felicidade

Como tudo na vida, a busca da felicidade é também um processo paradoxal. É tão fácil, e é tão difícil. É fácil porque é algo que depende apenas de nós, e de uma reforma de pensamento. Não exige nada de material ou externo, mas sim um trabalho interior. É difícil por isso mesmo, porque esse trabalho se efectua por essa zona tão próxima e tão distante, esse mundo para muitos imensamente desconhecido. É difícil iniciar o processo porque desde sempre que somos educados a viver para fora, a depender dos estímulos externos, e a deixar-nos afectar automaticamente por tudo o que se passa à nossa volta. Somos ensinados a pensar de uma determinada forma, e é tão difícil aceitar que basta querer para mudar. Mas o conformismo é um cancro social que perdura, e que se opõe à verdadeira realização... tenho de me conformar, não é?

Mas então e porque é que a felicidade é tão fácil de atingir? Simples, porque os recursos necessários encontram-se dentro da nossa mente, e porque todos os obstáculos possíveis e imagináveis se encontram no nosso mundo psíquico.

Já os budistas dizem, e com toda a razão, que todos os nossos problemas têm origem na nossa mente. Sendo assim, aprendendo a dominar a nossa mente, podemos ultrapassar eficazmente todos os nossos problemas. A prova de que os nossos supostos problemas residem na nossa interpretação das coisas, é o facto de o mesmo acontecimento poder ser encarado por duas pessoas, de forma totalmente diferente. Nada é objectivo, tudo é subjectivo. Se o que consideramos um problema fosse de facto, e objectivamente falando, um problema, sê-lo ia para qualquer pessoa. No entanto, o que para uns é uma dificuldade, por exemplo, é para outros uma grande oportunidade de crescimento. Resumindo: Seja qual for o acontecimento com que nos deparamos, o ponto fulcral é a forma como o interpretamos. Podemos olhá-lo de forma positiva ou negativa, sendo o segundo tipo de abordagem a própria origem do suposto problema.

E aprendendo a arte do domínio mental, podemos alterar a forma como encaramos a vida e todos os acontecimentos com que nos deparamos, pois a forma como encaramos algo tem por base os pensamentos que deixamos entrar na nossa mente nesse preciso momento, e se dominarmos a nossa mente, escolhemos o que pensamos face a qualquer coisa com que nos deparemos.

Quando nascemos, somos obrigados a aprender o domínio do nosso físico, para nos podermos movimentar no mundo, e para podermos sobreviver. Pouco a pouco aprendemos a usar os músculos das pernas e começarmos a andar, da mesma forma que aprendemos a usar as mãos, a comer, etc. Isto à partida parece suficiente. É suficiente para quem quer apenas sobreviver. Mas ficar-se pelo conhecimento do nosso corpo, e pela aprendizagem do seu manuseamento, é estagnar. Deve-se então passar ao nível seguinte, que é o nível onde compreendemos como a nossa mente funciona, para a podermos usar como usamos o nosso corpo... e em vez de apenas sobreviver, prosperar.

Quando se compreende como a nossa mente funciona, quando se aprende a dominá-la, e usá-la em nosso proveito, todos os limites se esbatem, todos os obstáculos a uma vida feliz e realizada desaparecem gradualmente.

Um ser humano que não aprende a dominar a sua mente, é um ser humano cuja mente reaje de forma quase mecanizada aos estímulos externos: temos de ter preocupações, temos de ter pensamentos tristes quando há acontecimentos externos tristes, temos de ficar aborrecidos quando acontece algo que não gostamos, etc. Quando aprendemos a dominar a nossa mente, quando apreendemos o seu funcionamento, percebemos que com a prática, assim como controlamos as músculos das pernas para andar, podemos controlar os pensamentos que pairam na nossa mente. E a partir desse momento, tornamo-nos cada vez mais independentes do que se passa no exterior. Não reagimos de forma automática ao que acontece à nossa volta, mas escolhemos o que queremos pensar em cada momento da nossa vida.

Quando temos um domínio mental avançado, podemos eliminar todos os pensamentos negativos e preocupações que nos atordoam, e podemos ter uma mente límpida, com apenas pensamentos positivos e agradáveis, criando assim uma visão optimista do mundo e da nossa vida.

O domínio mental permite atingir um estado de total liberdade mental, pois a cada segundo que passa, somos nós que decidimos o que pensamos. E, como a forma como pensamos se reflecte na nossa vida, alguem quem domina constantemente os seus pensamentos, tem um total domínio da sua vida. A isto chama-se segurar as rédeas do destino.

Para terminar, uma citação de alguem que compreendeu, pelo menos em parte, como a domínio mental é a base de uma vida feliz e realizada:

“O preço da grandeza é assumirmos a responsabilidade por cada um dos nossos pensamentos”, Winston Churchill

4 comentários:

Não ha pachorra disse...

E simples, basta aceitar como e a nossa vida e somos felizes :D!

Anónimo disse...

Ora aí está um texto bonito mas com o qual posso concordar quando vais "nas subidas", mas logo discordo quando "começas a descer".

Um texto que tem tanto de amplitude como de limitado, dependendo do ponto de vista.

Vejo-te a correr, e logo a seguir vejo-te a tombar, e por mais que te queira levantar, logo vejo que há caminho a percorrer.

Gosto dessa tua "apetência" pelas respostas.

Só vou colocar as frases de que NAO gosto. As que não colocar...é porque gosto e estão muito bem e podem ser interpretadas duma forma positiva.(Óbvio que podes nem querer saber disso, podes até não gostar da crítica, mas es homem para aguentar com isto!!):

"É fácil porque é algo que depende apenas de nós, e de uma reforma de pensamento. Não exige nada de material ou externo, mas sim um trabalho interior. "

"tenho de me conformar, não é?"

"Já os budistas dizem, e com toda a razão, que todos os nossos problemas têm origem na nossa mente."

"tudo é subjectivo."

"destino"


O controlo da mente é sempre bom e positivo, mas quando entra na area da insensibilidade....torna-se muito mau. Os sentidos que possuimos são fantásticos, são os mecanismos para a interpretação desta natureza harmoniosa que nos rodeia(e o Homem faz parte dela!) e com a qual o Homem quer acabar. Serás sempre susceptível a influências(assim como tu és também influencia para os que lêem os teus textos, ouvem as tuas palavras, enfim... interagem contigo). Quanto mais forte te tornares mentalmente pelo caminho da Verdade, menos susceptível te tornarás às influências negativas e mais sensível e amoroso te tornarás. Assim, ganhas autonomia por um lado e a perdes(o bom perder) por outro, pois não é mais possível que sejas realmente "independente".

Quanto aos maus pensamentos. Infelizmente, estamos corrompidos, e sendo assim a questão não é deixar de ter pensamentos maus, mas sim saber contornar esses pensamentos para que não nos influenciem negativamente.

Abraço e tudo de bom.

Sleeping Buddha disse...

Obrigado pela participação :)
quanto às críticas, são de louvar. Acho que um conhecimento não pode ser pertinente se não for aberto à crítica, e uma pessoa não pode ambicionar a sabedoria se não atingir o estado de humildade da abertura à crítica :) eu aguento!! hehe

Acho que essa independência pode originar insensibilidade, mas não necessáriamente...
claro que é quase impossível (não afirmo com certeza, pois não seria uma afirmação pertinente) atingir esse estado de liberdade total, assim como é impossível atingir um estado de paz universal no mundo, de harmonia total... mas vale a pena lutar por isso, não vale? :)
As utopias colocam o nosso espírito na auto-estrada da melhoria!

Quanto aos pensamentos maus, acredito que com a pratica do dominio mental, tudo é possível... no entanto já não afirmo com tanta certeza que atingirei tal ponto...
É uma luta diária que dá enorme satisfação, em que cada dia que passa se notam melhorias, e essa é sem dúvida uma grande recompensa - o crescimento interior consciente.

Anónimo disse...

Desculpa isto vir com atraso, mas andei "a navegar". Essa "luta diária(...)grande recompensa(...)crescimento consciente" lembra-me a seguinte frase:(não me lembrava dela por completo, tive de a transcrever!)

”Não mintais uns aos outros. De facto, fostes despojados do homem velho e das suas acções, e revestistes-vos do homem novo que, através do conhecimento, se vai renovando à imagem do seu Criador” (Cl3,9-10) (Cl-Colossenses)(Paulo na sua carta à comunidade Cristã de Colossos)

felicidades.
Côrte