sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O todo e mais um

Mil milhões de átomos de hidrogénio e oxigénio ligados e condensados num estado líquido, límpido e infinitamente belo.
Um infinito de clorofila amontoado, com vida a percorrer todas as suas moléculas, sob a forma de seiva, num leque de verdes tornados amarelos pelo brilho do sol poente.
Um mar azul gradualmente mais escuro, reflectido na eternidade dum lago...
E o dia vai-se...
Os raios luminosos recolhem-se tal qual onda do mar que se retrai perante as imponentes areias para mais tarde voltar à carga, mutando a realidade, e dando lugar a um brilho reflectido, ténue e noctívago.
Perfeito...
Simplesmente natural...
Perfeito é natural?
Será a natureza perfeita?
A natureza é perfeita, mas contém o Homem, e o Homem não é perfeito...
Duvidar da perfeição da natureza?
Ou crer nessa perfeição, duvidando antes do carácter natural do Homem?
Talvez do carácter natural da maior parte dos Homens, que se afastam da sua natureza, da natureza...
Este vírus impregnado de avidez consome a perfeição que o rodeia, autocorrompendo-se eternamente numa busca inconsciente de extinção que fechará o ciclo, e devolverá a perfeição à natureza.
Ser natural é não ser, ser natural é sentir...
Ser natural é abdicar da dor de pensar, apenas existir...
É integrar-se no todo, voltar à origem, fundir-se com a perfeição de mil milhões de átomos condensados a níveis diferentes... pura energia.

Sem comentários: