domingo, 22 de julho de 2007

Presente versus Futuro

Somos educados para um tipo de pensamento orientado para o futuro... e a abundância de criatividade típica da infância vai sendo destruída, pela educação comum, originando uma perspectiva de busca, de desejo, orientada para objectivos, sonhos, que também origina grande parte das nossas ansiedades e frustrações. A criatividade advém de uma concentração intensa no presente, na acção presente, no momento. A absorção na acção leva um maior domínio da mesma, a uma maior canalização das nossas capacidades, e permite a criatividade. O distanciamento do nosso pensamento relativamente ao momento presente, deslocando-nos para o futuro, reduz a nossa concentração na tarefa, e logo a capacidade de ser criativo. Desde que nascemos que somos educados, por pais, professores, sociedade... a pensar no futuro, a orientar a nossa forma de pensar para o futuro. Temos de certa forma de sacrificar o momento presente para atingir determinados objectivos no futuro. Temos sem duvida de sacrificar o presente, pelo menos em termos de criatividade. E ao sacrificar o presente, sacrificamos também o futuro, pois quanto menos de nós dermos ao momento presente, piores seram os resultados no futuro. Temos de estudar PARA sermos alguém, temos de trabalhar PARA termos dinheiro... somos educados PARA qualquer coisa no futuro. É desvalorizada a pureza da acção, perde-se o valor intrínseco de tudo o que fazemos.

Isto leva ao assassinato da criatividade natural humana, que nasce connosco e está tão presente nos nossos primeiros anos de vida. Esta é também uma das grandes origens de preocupações, de ansiedades, e de frustrações nas nossas vidas. Ao orientarmos o nosso pensamento para o futuro, preocupamo-nos com situações futuras indesejáveis (reais ou fictícias), e desejamos que certas situações se concretizem mais rapidamente (ansiedades e desejos), o que quando não se verifica origina todo o tipo de frustrações.

Na minha humilde opinião, as crianças deviam ser educadas logo desde o início para uma maior vivência do momento presente. Deviam ser estimuladas a agir por agir, pelo prazer da acção. Deviam ser ensinadas a aprender pelo gosto de aprender, e pelo sabor do crescimento interior, e não visando constantemente objectivos futuros. Deviam ser reforçados valores como a busca de prazer no trabalho. O objectivo nunca deveria ser o dinheiro, mas sim a acção em si. Devíamos ensinar que o mais importante é descobrirmos a nossa vocação, seguí-la com determinação, e dedicarmo-nos profundamente à sua prática, pelo simples prazer de fazer o que gostamos. Obviamente que o dinheiro é necessário, e surgiria como efeito secundário de uma total dedicação a uma actividade que nos apraza.

Considero que a presença constante da ambição nas nossas vidas é um factor determinante de destruição da nossa felicidade e da realização pessoal. É importantíssimo que pensemos e repensemos a nossa vida, e estabeleçamos objectivos, que sirvam de faróis nos diversos oceanos da vida. É indispensável que saibamos para onde caminhamos, de forma a não nos perdermos, tal qual barco à deriva. Mas quando toca à acção, a nossa vivência propriamente dita, temos de possuir a capacidade de nos abstrair dos objectivos que estabelecemos, deixando-nos absorver pelo momento presente, dando assim o nosso melhor, e aumentando as possibilidades de virmos a atingir os nossos objectivos e sonhos. A nossa vida deveria alternar entre períodos de reflexão pessoal e definição de metas e estratégias, e períodos de total dedicação ao presente, atingindo assim um equilíbrio perfeito entre o presente e o futuro nas nossas vidas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Criatividade: imaginação, sonho, infantilidade, dedicação, prazer, curiosidade, paixão, etc., etc.
Tu no teu sábio "desabafo" focas pontos que de algum modo são, na minha opinião, opiniões de um ser que vive a vida intensamente, vive o dia-a-dia, tentando melhorar o futuro, não PARA nem DEVIDO, mas sim PORQUE, porque quer, porque ama, ou simplesmente porque sim. Sem de modo algum crer contrariar a tua ideia porque concordo em alguns pontos, vou deixar-te aqui o que para mim é uma definição de criatividade, qual o significado da sua existência, e o porque é que esta é fulcral para que a minha vida seja dentro dos possíveis prefeita.
Criatividade, o inicio o meio e o fim de tudo. O passado o presente e o futuro.
A criatividade é simplesmente a parte mais inocente, verdadeira de um ser humano, faz da pessoa um ser especial, um ser que tem sede de mudança, aspira felicidade, energia, tenta marcar a diferença e não marcar-se pela diferença, o verdadeiro criativo cria por criar, não porque tem de criar. MAS AO CONTRARIO DE TI NO MEU VER A CRIATIVIDADE DEPENDE DO PASSADO DO PRESENTE E DO FUTUTO, porque a criatividade surge devido a um passado a uma ideia, a uma inspiração, a um sonho, é desenvolvida num presente devido a sentimentos a pensamentos, em fim surge do meio envolvente, surge porque algo no presente te levou a ter essa ideia, e depende do futuro porque é a necessidade de mudar o presente de conseguir mais que o presente , dar mais do que há , leva a construção da ideia do precisar.....
Em fim um criativo é sonhador nato que nunca deixa de sonhar nunca deixa de amar, mas sempre sem ser conformista.
Mas numa coisa tens a maior das razões, nos nascemos crescemos, e morremos sempre em prol de algo, sempre com objectivos que por vezes nem são nossos mas sim dos que nos rodeiam porque fica mal perante da sociedade, porque é diferente, e que vão nos olhar de lado, injustiça pura digamos de passagem pois se todos nós vivêssemos simplesmente a tentar ser nos próprios a tentar não ser algo porque alguém disse que seria assim, ou porque na sociedade em que vivemos é assim, tudo era mais puro, tudo era mais simples, todos éramos mais verdadeiros, mas no meio de toda esta veracidade á uma coisa que era fulcral para que tudo isto fosse possível era o amor e o respeito pelo próximo e pelos que nos rodeiam, porque a verdade é que hoje em dia ouvimos muito falar de ajudas, de solidariedade, mas tudo isto na maior parte dos casos não passa de simples fachadas porque fica bonito, porque os outros gostam logo vão gostar de mim. Aprender a gostar de nós pelo que somos e se calhar tentar mudar o que n gostamos, aprender a gostar dos outros e faze-los ver a nossa maneira de pensar, tentar dar a perceber se julgarmos que vão pelo caminho menos correcto, é o princípio, o meio é sabermos ver que quem pode estar errado somos nos, sabermos aceitar se isso se mostrar certo, o fim é aceitar se a pessoa n estiver disposta a mudar, mas nunca mudar só para algum gostar de nós, mudar por nós sim, sempre.....

O passado o presente e o futuro sempre estarão ligados em conflitos eternos porque o presente torna todo o passado incompleto e todo o futuro a continuação do passado.