sábado, 1 de dezembro de 2007

Inominável

Quem sou eu?
Uma cadeia estruturada de símbolos de raizes perdidas no tempo, estudada pela linguística e associada a um conjunto de fonemas? Mas até que ponto posso dizer que isso sou eu, se foi algo que me deram? Então é meu, não sou eu.
Nacionalidade? O que é isso? Dizem que é uma restrição a um campo delimitado por linhas imaginárias. Então se são imaginárias, que me interessa? Só prezo o que é real... Nacionalidade é resultado de guerras e conflitos, e guerras e conflitos nunca levam a bom porto. A divisão nunca gera paz, a união sim.
Temos muitos rótulos... desde relativos a ideologias políticas, religiosas, ou pseudo-pessoais, a um universo infinito de outros mais. O número de rótulos nunca acaba. Mas o rótulo é uma separação, separa o que lhe pertence do que não lhe pertence. O rótulo é um obstáculo à união, e não é definitivamente a nossa identidade. O rótulo é algo superficial que nos limita grandemente na forma de percepcionar o mundo. Os produtos no supermercado são rotulados... mas o rótulo não é o produto, é apenas uma forma de identificar o produto. Mas em relação aos seres humanos há uma ligeira gigantesca diferença: enquanto que os produtos no supermercado podem ser agrupados, pois são iguais entre si, os seres humanos não devem ser rotulados e agrupados, pois não há dois seres humanos iguais.
Então se toda a identidade que conheço se resume aos rótulos que me foram colocados desde que nasci, quem sou eu?
Se calhar não sou ninguem...
Se calhar apenas sou...
Quem sabe a minha existência não pode ser descrita por palavras
Quem sabe sou puro amor
Quem sabe sou pura energia
E o amor é essa energia
Para quê dar nomes às coisas?
As coisas não existem para serem nomeadas e pensadas
Existem para serem sentidas, para serem absorvidas
Sinto e sou
Sinto e sou feliz assim
O sol não se questiona sobre quem é, de onde vem e para onde vai...
Porque hei-de me questionar eu, se nada mais sou que o sol, e a lua, e todas as estrelas...
O êxtase da vida é deixar cair a falsa armadura, pois não há nada de que se defender...
É deixar cair a farsa do pensamento, que destroi tudo o que é...
É sentir a união com o mundo, tal qual gota de orvalho que é absorvida pelos primeiros raios de sol para voltar à origem...
É ser como o rio e fluir naturalmente para o regaço do mar, de encontro ao seu destino.
Quem sou eu?
Todas as respostas possíveis a essa pergunta destroem-me como ser. A resposta é a ausência de resposta.

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