segunda-feira, 27 de julho de 2009

A dança xamânica ao deus do petróleo

É reconhecido, apesar de muita gente se manter alheia a estes factos, que o império das empresas multinacionais, que se expande cada vez mais rapidamente, joga numa liga completamente superior das empresas nacionais de muitos países. Economias como a americana demolem por completo agricultores e produtores locais, exercendo uma grande influência sobre economias mais fracas. Isto deve-se ao grande capital que possuem, que permite uma massificação das produções, que leva a um aumento do capital, continuando de uma forma cíclica.

Algumas dessas economias que vão sendo absorvidas pelas multinacionais possuem recursos valiosíssimos aos olhos daqueles cuja ocupação é a produção de capital, como o petróleo. Isto leva a que muitas dessas empresas se tentem instalar nesses países, para conseguirem extrair o máximo de riqueza. Só que o equilíbrio entre riqueza e ambientalismo é muito difícil de manter, e um exemplo disso é o caso de "crime contra a humanidade" (de acordo com as palavras de Rafael Correa, chefe de estado do Equador) que está a ser cometido pela empresa Texaco, que se fundiu há alguns anos com a outra gigante Chevron. O que se passa é que os monstros do petróleo têm gerado grandes quantidade de resíduos derivados da refinação do petróleo na floresta amazônica, poluindo água, solo e ar. A quantidade de poluição já ultrapassou a libertada no famoso desastre do petroleiro Exxon-Valdez em 1989, sendo que o impacto se verifica também a nível social, com um grande decréscimo da qualidade de vida dos locais.

Já existe uma acção judicial em curso contra a multinacional, posta em prática por 3000 indígenas, e também o presidente equatoriano já se juntou a esta luta pela defesa do ambiente e da qualidade de vida do seu povo (será que se partiria para esta luta se apenas tivesse em causa o impacto ambiental, e não dos locais?). A Texaco negou, no entanto, a responsabilidade deste crime ambiental que é também uma violação dos direitos humanos, remetendo a culpa para a empresa nacional Petroecuador (que herdou a sua tecnologia da Texaco). Mas a empresa equatoriana já se comprometeu a proceder a uma limpeza da poluição recorrendo a biotecnologia (bactérias que degradam a poluição).

A Texaco, por sua vez, nega a responsabilidade, o que faz todo o sentido quando uma perda judicial seria também uma grande perda financeira. E o que são as vidas dos indígenas e a manutenção de um meio ambiente equilibrado face ao lucro? A luta entre o poder económico e o ambiente é uma das grandes lutas do nosso tempo, senão mesmo A luta. Apesar de reconhecer que esse comportamento por parte das multinacionais deriva de tendências intrínsecas do ser humano (como a busca do experienciar do prazer oferecido pela sensação de poder e ganho), não acho a situação aceitável, e algo tem de ser feito. Sim, é provável que muitas outras pessoas no contexto do presidente duma empresa multinacional agissem de forma similar, porque o poder muda as pessoas, mas mesmo assim cabe-nos a nós, como seres sensíveis e conscientes, agir da melhor forma que pudermos. Não temos de pertencer todos a organizações ambientais e ser activistas, basta apenas tentar agir de forma correcta a cada momento, e se possível sensibilizar as outras pessoas para o bem comum, nosso e do ambiente.

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