segunda-feira, 27 de novembro de 2006

A natureza do homem é boa?

Na minha opinião, se colocarmos uma arma nas mãos de qualquer pessoa, de qualquer idade ou etnia, que nunca tenha tido nenhuma influência negativa desde o momento em que nasceu, e que tenha noção que a arma pode ferir ou matar a pessoa contra quem a usar, essa pessoa nunca a usará. Eu creio que a natureza do Homem é boa, e que pode ser influenciado (que o é) negativamente desde o momento em que nasce, e essas influências podem fazer ricochete e ser exponenciadas, resultando em actos agressivos contra outras pessoas. Isto baseado numa verdade fundamental da natureza do Homem, que é o facto de devolvermos de uma forma ou outra o que nos dão, seja bom ou mau (claro que há excepções). Se praticarem o bem para conosco, nós (consciente ou inconscientemente) retribuímos; se nos fizerem algo de mal nós retribuímos também, nem que seja através de algum afastamento da pessoa que nos influenciou negativamente. O que é indiscutível é que uma acção negativa gera, na maior parte das vezes, um pensamento ou acção negativos.
Quando falo em excepções relativamente à reacção a um estímulo negativo, refiro-me a casos muito específicos, como o do Budismo (alguns budistas, pois é muito difícil de por em prática), em que se defende que não devemos reagir a essas influências negativas de forma alguma, e que temos de comprender que a pessoa que nos influenciou negativamente não o fez por ter natureza má, mas sim devido a todas a influências que sofreu ao longo da vida.
A intenção humana é sempre (excepto caso de certas patologias específicas, que possam tornar uma pessoa violenta) boa. Há no entanto, infuencias externas que podem ser exercidas de forma a afectar negativamente o homem e a leva-lo a usar qualquer tipo de violência.
Apesar de todos sofremos influências negativas, nem toda a gente as retribui da mesma forma. Dependendo da personalidade da pessoa, da educação que teve, e do tipo de influências (negativas, mas também positivas) que sofreu, as respostas podem ir de pequenos sentimentos negativos, a actos de terrorismo, passando por discussões, agressões físicas, etc. Pessoas diferentes têm, normalmente, uma reacção diferente (mesmo que a diferença não seja significativa) ao mesmo estímulo negativo.
O egoísmo/egocentrismo, ou chamemos-lhe “espírito de sobrevivência do mais forte” é concerteza um factor determinante no aparecimento destas correntes negativas, que mais tarde originam actos agressivos. Os nossos antepassados primitivos, de intelecto reduzido, lutavam para conseguir o que queriam e não duvido que matariam se fosse preciso, mas a especie evoluiu até ao Homo Sapiens Sapiens (Homem duplamente sábio – às vezes), que é um ser pacífico quando nasce, e depois ao longo da vida vai se moldando de acordo com o que aprendeu e desaprendeu. O problema são os “desensinamentos”, que são agravados por essa sua característica (que julgo que apesar de ser negativa, não é “má”) egocentrica, e faz com que haja uma competitividade a diversos níveis, que mais tarde gera todos os tipos de negatividade.
Temos os exemplos mais básicos do dia-a-dia: uma pessoa que tente passar à frente numa fila; várias pessoas a tentarem conseguir um lugar no metro; alguem que no trânsito, mesmo sem ser com má intenção, atrapalhou a manobra de outra pessoa, etc. Estas situações normalmente (e infelizmente) geram pensamentos e sentimentos negativos entre as pessoas, mas obviamente não sendo suficientemente fortes para passar à violência física. Mas a saturação por vezes leva à irracionalidade.
Mas quando as influências negativas são mais significativas, como quando são derivadas da educação ou de influências mais fortes da sociedade, e quando se acumulam, podem alterar a personalidade das pessoas e a perspectiva delas sobre o mundo. Grandes influências negativas associadas a ideais muito diferentes entre as pessoas ou povos originam facilmente maiores actos de violência.
Resumindo e na minha opinião, a unica forma de um homem praticar o mal contra algo ou alguem é ter sido ensinado, ou atacado previamente. E esse ataque não teria de ser necessariamente mal intencionado, pois por vezes as nossas esferas pessoais interceptam-se e nem sempre de forma harmoniosa, fazendo com que uma pessoa possa interpretar como ataque algo que não o foi. Mas isso não significa de forma nenhuma que a natureza do Homem seja má.

5 comentários:

Não ha pachorra disse...

Para variar, concordo 100%!

Sleeping Buddha disse...

hehehe uau! :P
fico contente! hehe

Anónimo disse...

O homem nasce bom e a sociedade é que o transforma ou o homem nasce mau, tem o tal instinto de sobrevivência e é mau por natureza e a sociedade tem que o "domesticar"?
Fica a pergunta que já o Jean Jaques Rousseou colocou há muitos anos atrás.
Pensa só porque é que nasceram as escolas. Foi só para transmitir conhecimentos. Já leste livros como o Robinson Crusué no qual um homem é colocado em total isolamento social. Segundo os entendidos só nessas circunstâncias é que o homem é bom. Serás mais um candidato a eremita?

Good Friend

Sleeping Buddha disse...

Eu infelizmente ainda não descobri a que sou candidato..mas hei-de descobrir..hehe
Mas concordo plenamente, não podia concordar mais! O homem tem de estar sozinho para atingir essa bondade. Porque o homem tem de estar sozinho para se conhecer, para conhecer o seu verdadeiro "eu". Através da meditação conheces-te cada vez mais profundamente, conheces o teu "Eu" original, que é bom, e para atingir tal conhecimento é preciso um certo grau de isolamento, quietude...
Mas esses periodos de "solidão" são conciliaveis, na minha opiniao, com outros de harmonia social. É um trabalho de duas partes onde, por um lado, te conheces e teorizas e, por outro, te relacionas com os outros e~praticas.
É claro que eu não defendo isto como sendo "A" verdade", é apenas aquilo em que acredito (e muito), mas felizmente não somos todos iguais e temos crenças diferentes ;)

Namaste!

Spoonie disse...

eu nao concordo de todo, o homem é tanto ou mais "bom" se estiver com os seus e para os seus, o problema reside é na paz do individuo e não no bem. quando foi falado em buda e maome que se retiraram para se isolarem, o que eles procuraram não foi o bem, mas a paz, a sua unidade em harmonia com o Universo e essa não é positiva nem negativa é Neutra e é essa Neutralidade (não como a conhecemos) que nos pode levar à Felicidade Suprema.
O bem seja por natureza ou por influência é praticado sempre por influência quando no espectro de outros seres influentes e influenciáveis.