quinta-feira, 3 de maio de 2007

Educação, a centelha de toda uma espécie

A sociedade onde vivemos e a respectiva economia encontram-se em constante evolução, e cabe à educação adaptar os indivíduos, de forma a que tenham sucesso, transmitindo-lhes o tipo de conhecimento e competências que são valorizados. Vivemos numa sociedade do conhecimento, com uma economia cada vez mais assente no mesmo. A conceptualização do trabalho sobe cada vez mais na hierarquia, desmaterializando-o. Valoriza-se o conhecimento, as competências evolutivas, o dinamismo e a criatividade. Sendo assim, há que reformar a relação indivíduo-ensino, de forma a dotar o indivíduo do tipo de conhecimentos e competências que lhe permitam singrar na vida profissional e social. Desta forma, não só o indivíduo adquire mais capacidade de sucesso a nível pessoal e profissional, e de participação social activa, como a sociedade e a economia beneficiam dessa educação através do ganho de uma mão-de-obra de maior qualidade, e de cidadãos mais conscientes e participativos.

A rápida mutação socio-económica e a respectiva valorização das competências evolutivas, leva à necessidade de uma constante actualização de conhecimentos e competências, de forma a manter a adaptação do indivíduo à sociedade e ao mundo do trabalho. É aqui que entra o conceito de aprendizagem ao longo de toda a vida. Este tipo de postura perante a educação permite manter o indivíduo capaz, quer a nível social (cidadania) quer a nível económico (profissional), durante um período muito mais logo.

A reforma da relação indivíduo-ensino exige mudanças de ambas as partes. Antes de mais, é fundamental o “saber aprender” por parte do indivíduo, e o gosto pela aprendizagem, que irá originar uma valorização da aprendizagem e uma vontade de aprender a prolongar essa aprendizagem ao longo de toda a vida, continuando a aprender e aperfeiçoar-se mesmo depois de atingir o patamar da estabilidade profissional. Esta postura em relação à educação depende da experiência vivida, da qualidade do ensino. Por isto mesmo o alicerce fundamental para a criação de uma vontade de prolongar a aprendizagem é uma educação básica de elevada qualidade. A qualidade da experiência da criança durante a educação básica, e porteriormente durante o resto da experiência escolar, determinam o gosto pela aprendizagem, e a vontade de continuar a aprender.

Paralelamente à criação no indivíduo da vontade de aprender e prolongar a aprendizagem ao longo de toda a vida, é necessário reformar a outra dimensão do sistema indivíduo-ensino: o próprio sistema educativo. Cada ser humano detém um conjunto de aptidões especiais que o diferenciam dos restantes seres humanos, assim como expectativas e necessidades muitas vezes diferentes. E de forma a exponenciar a potencialidade de cada aluno, deverão diversificar-se ao máximo as oportunidades oferecidas, assim como os percursos possíveis, dentro do sistema educativo, e entre a educação/formação e a vida profissional. O que se espera é um leque mais vasto de opções, que permitam a cada um seguir o percurso que melhor se adapta a si, e uma fluidez maior entre os diferentes tipos e níveis de ensino, e entre o ensino e o mundo laboral, como a possibilidade de alternância entre difentes áreas de ensino, entre educação e vida profissional, de retorno ao ensino ou interrupção laboral para fins de formação. Esta simbiose parte não só da reestruturação do sistema educativo, mas depende também de uma participação empresarial, de forma a facilitar as trocas com o ensino, quer seja ao nível da educação ou da formação.

Outro aspecto importante a ter em conta, além da estrutura dos sistemas educativos e da sua relação com o mundo do trabalho, são os seus conteúdos. As matérias ensinadas deverão transmitir conhecimentos e competências pertinentes e acessíveis. Deverá também procurar-se uma contextualização das matérias ensinadas, de forma a se evitar a actual tendência de compartimentação e hiper-especialização dos saberes. Um saber, para ser verdadeiramente compreendido, deve ser colocado num contexto, e ser abordado como um todo e, sendo assim, a especialização cega é inimiga do verdadeiro conhecimento.

O entrelaçar dos conhecimentos de diferentes áreas proporciona um maior crescimento Humano. O indivíduo, mais consciente e sábio, está também preparado para um participação activa e mais produtiva em todos os sentidos, uma participação na construção da sociedade e da economia, e na respectiva evolução.

A relação entre o ensino e o aprendiz é o alicerce do futuro, em que se transmitem os saberes de milénios, e se constroem indivíduos autónomos que iram criar as sociedades de amanhã. É fundamental optimizar essa relação, de forma a obter os melhores resultados, os melhores seres humanos, os seres mais humanos, que participarão num futuro brilhante, não só a nível social, mas ao nível da espécie. E a educação ao longo de toda a vida é essencial para essa optimização, pois maximiza a realização pessoal e social, e estabelece novos patamares, mais altos, para educação e o mundo que estão parar vir.

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