sábado, 26 de maio de 2007

Em busca da liberdade...

Olho o horizonte e sonho...
Sonho com um dia em que o meu espírito solte por completo todas as amarras de uma escravidão subtil que nos aprisiona. Escravidão que nos subjuga a um patamar presque humano, um patamar onde o nosso brilho especial e único se dissolve entre tantas outras estrelas, formando uma constelação de espelhos humanos, que se refletem uns aos outros, num mimetismo social tão indesejável. Refiro-me ao processo social que, repleto de condicionamentos, nos reprime, de supernovas a cintos fragmentados de asteroides, ocultado o tesouro fantástico que cada um de nós esconde dentro da sua alma.
Um espírito liberto, é um espírito que não vive na tirania da mente, cuja luz dissolve as trevas mentais. Um espírito assim vive num estado em que o medo não é conceito, em que nenhum mal subsiste. Todo o mal impulsionado na direcção de outro ser humano tem por base algum tipo de medo, em grande parte o medo do enfraquecimento do ego, e quando este medo desaparece toda e qualquer necessidade de ser incorrecto para com o nosso irmão humano desaparece, o eu é livre. Daí a relevância da meditação para a criação de seres mais humanos, dentro de quem reina a paz e o amor: a meditação põe um travão na mente até que esta se dissolva sob os reinos da alma, e quanto a mente e o respectivo ego desaparecem, não há medo, pois não há identidade para ser ameaçada, e o ser humano sente uma pureza tal, que cria uma harmonia à sua volta.
Quero ser um espírito que habita o reino do coração, onde imperam a paz e o amor. Um espírito que não sente nenhuma espécie de repressão, consciente ou inconsciente, emanando uma luz tão forte e no entanto tão ténue, ao ponto de não ofuscar a luz de nenhuma das outras estrelas. Quero ser um espírito que ama a tudo e a todos. Que ama as maravilhas e perfeições da natureza, que consegue ver o sagrado em tudo o que o rodeia. Que tenta viver ao máximo cada gráo de areia da ampulheta vital, sem nunca esquecer a majestosidade de cada irmão seu. Nunca o serei, a distância é infinita, mas julgo válido o esforço. Encontro-me no degrau 0 da escala da perfeição. Sou um humano como todos os outros, que têm milhares de defeitos, conhecidos ou desconhecidos, e comete muitos erros... afinal, errare humanum est. Apenas gosto de dedicar algum do meu tempo de introspecção a imaginar imagens bonitas e perfeitas, porque me dá grande prazer observá-las e, acima de tudo, sinto o grande prazer do insignificante mas muito gratificante crescimento pessoal, luz do perfeito crescimento humano.
A utopia é uma idealização, a criação de uma imagem de perfeição. E não será melhor para a realização dos nossos objectivos, termos farois mais brilhantes, mestres mais sábios? Acreditarmos numa utopia é sermos capazes de acreditar numa situação praticamente impossível de alcançar, dando mais de nós para a mesma alcançar, com mais motivação. Eu acredito que toda a gente tem todo um potencial de compreensão da beautitude presente em si e nos outros. Quantos mais acreditarem na utopia, mais darão o melhor de si, para que progressivamente nos possamos apelidar de espécie. Sonho com uma utopia que acredito promover um mundo humano, um mundo natural, um mundo perfeito.
E o rio que alimenta este oceano utópico é o espírito, não no seu estado aprisionado pela ditadura da mente, mas no seu estado de libertação total. Acredito que vivermos mais com o coração, sermos mais genuínos, e amarmos e compreendermos os outros, devia ser a única forma de vivermos. Admito que é apenas uma das muitas verdades, mas é a que julgo digna de ser escolhida - uma vulgar opinião.

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