terça-feira, 19 de junho de 2007

Tao

"Existem muitas ilhas, mas todas se encontram no fundo do oceano... Fazem parte da mesma terra, do mesmo continente. O mesmo se passa com a consciência."
Osho

Tanta gente na rua...
Uma multidão separada por ilusórias barreiras egoicas.
A mente humana é o instrumento mais complexo e fascinante de que temos conhecimento. No entanto, comete um grande erro ao fazer-nos crer que necessitamos do ego, que a nossa identidade se resume ao "eu". O ego é o componente base da competição e de todo o tipo de atritos entre humanos, e um elemento destabilizador da harmonia natural.
A mente delimita fronteiras inexistentes, que a separam dos outros, fortalecendo a sua própria identidade. Essas fronteiras levam à noção de posse: de posse dos territórios da nossa identidade, de posse do nosso espaço interno e externo, que têm de ser defendidos daqueles que passamos a acreditar serem nossos adversários e constituírem uma ameaça para a nossa identidade. A mente resume a sobrevivência do ser à coesão e à subsistência da sua identidade mental, sendo apesar disso coisas muito diferentes: a nossa verdadeira identidade e a nossa vivência como indivíduos situam-se muito além dos domínios da mente, sendo possível manter uma unidade coesa, viver e ser feliz, sem distorções por parte do ego. É precisamente devido a este mal-entendido que a mente acaba por criar um universo, ou uma perspectiva do mesmo, no qual tudo gira à volta do bem supremo a ser defendido: a identidade.
Cria-se o ego, separando-se o "eu" e o "meu" de tudo o resto. Cria-se a identidade que é o nosso território, o nosso mundo, o nosso universo... Surge todo o tipo de medos de possíveis ameaças à integridade do nosso ego... E nascem os conflitos com os outros seres...
Quando a mente é parada, e um estado superior de consciência é atingido, o ego dissolve-se, assim como todas as suas fronteiras. O universo mental expande-se, atingindo a infinidade do cosmos, e deixa de haver uma identidade a ser defendida, assim como adversários que a possam ameaçar. O sentimento, dizem, é de fusão com tudo o que nos rodeia, de fraternidade para com toda a vida que nos rodeia.
Do ponto de vista lógico, é uma situação perfeitamente compreensível: se o ego é a estrutura mental que nos separa de tudo o resto, quando a mente é parada e este mesmo ego desaparece, a divisão entre o "eu" e o que o rodeia deixa de existir, e deixamos de sentir ou ter noção de qualquer divisão entre o nosso ser e o mundo. Sentimo-nos em união com os outros seres e, sentindo-nos parte de tudo, torna-se inconcebível agirmos de forma negativa para com os outros seres, para com a natureza: estaríamos a destruir-nos a nós próprios.

1 comentário:

Anónimo disse...
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