sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Uma arte humanista

Cantores, pintores, poetas, escultores, músicos... estes e outros tipos de artistas já contribuem pela sua natureza para o enriquecer da cultura e da vivência humana. Só a sua existência é suficiente para dar côr aos nossos dias. Sinto gratidão para com estas pessoas por algo que lhes é natural, que é a expressão da sua alma. Mas apesar dessa expressão ter um impacto positivo na vida das pessoas que as rodeiam, não deixa de ser uma expressão com origem num comportamento egoísta. Não digo egoísta num sentido negativo, pois nem sempre é negativo ser egoísta. Não somos todos um pouco? É egoísta na medida em que é uma acção que visa dar-lhes prazer, mesmo tendo em conta que dá côr à vida dos que os rodeiam.

É tendo isto em conta que subo a parada no que toca à avaliação dos artistas: (quase) todos o fazem porque o sentem, porque faz parte deles, sendo que a consequência é um enriquecimento do mundo em que vivemos. Quando digo que subo a parada na avaliação dos artistas, digo isto porque há alguns artistas que não se limitam a exprimir o que lhes vai na alma, sendo que também tentam ir além disso contribuíndo de outras formas para esse enriquecimento do nosso mundo.

Um desse grupo de artistas é um grupo composto pelo Chris Martin, pelo Jonny Buckland, Guy Berryman e Will Champion, também conhecidos como Coldplay. Enquanto que muitas outros artistas, e sem de alguma forma os menosprezar, se limitam a expressar o que lhes vai na alma (o que é algo que já considero monumental), os Coldplay tentam usar a sua fama e sucesso como ferramenta para ir além disso e tornar melhor o mundo onde vivemos.
Esta banda é sem dúvida uma banda de grande sucesso a nível mundial. No entanto, não deixou o dinheiro e a fama subirem ao topo da cadeia alimentar do sucesso, relegando para lugares mais baixos os seus princípios. Os coldplay mostraram-se comedidos, por exemplo, no que toca à utilização comercial dos seus produtos: recusaram contratos publicitários de milhões de euros com marcas de nível mundial para a utilização de algumas das suas músicas, por considerarem que estariam a vender o verdadeiro significado das músicas. Os Coldplay doam também 10% de todos os seus lucros para a caridade, o que é um valor extremamente significativo, tendo em conta o grande sucesso da banda. Finalmente, a banda, e especialmente o seu líder Chris Martin, estão intimamente associados à campanha de Comércio Justo, ou Make Trade Fair. Esta campanha, apoiada pelos activistas ingleses, é uma campanha que pretende contrariar a tendência centralista e capitalista que movimenta o comércio mundial nos dias de hoje. Pretende defender os direitos dos comerciantes mais pequenos e locais face às grandes multinacionais. É uma iniciativa que o vocalista da banda faz questão de tornar pública nos seus concertos, e evidenciar, recorrendo a uma decoração no seu punho, ou uma pulseira, chegando mesmo a expor explicitamente a filosofia no início dos seus concertos.
Venho por este meio tornar pública uma ovação de pé, uma vénia, e uma grande salva de palmas, a estes embaixadores do humanismo, e a todos aqueles que tentam através das suas acções tornar este mundo um local mais justo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Folgo em saber que a cada post teu noto uma maior preocupação social e um maior interesse face às questões quotidianas.. e nem imaginas o quanto isso é importante nos dias de hoje, para que tenhamos uma sciedade mais atenta, activa e participativa, neste futuro e rumo incerto para onde somos levados.
Coldplay lembra me especialmente os tempos de "Yellow".. um chavalo desconhecido, despenteado, despretencioso, a cantar a plenos pulmoes numa praia deserta numa manhã qualquer, sem nunca imaginar o sucesso q ele e a sua banda teriam em anos vindouros. É de salutar também as suas dádivas à caridade, o que muitas bandas esquecem, e isso é muito positivo, embora eu não pense que sejam dessas bandas a quem se deva exigir isso, mas àquelas multinacionais de que já falamos, criadoras dos grandes problemas de hoje.
Coldplay, apesar de se deslocarem em jacto privado próprio, o que não é pra qq banda, tenho por eles estima e algum afecto pela simplicidade dos seus sons, que com o seu intuito conseguem manter a sua legião de fãs, sem nunca fugirem ao seu estilo, que lhes garrantirá um sucesso contínuo.