segunda-feira, 26 de março de 2007

Fogos Fátuos

"A vida do homem é uma grande caminhada que ele faz através da noite, rodeado de inimigos invisíveis, torturado pelo cansaço e pela dor, em direcção a uma meta que poucos podem esperar alcançar, e onde ninguém pode deter-se por muito tempo. Um após outro, à medida que avançam, os nossos companheiros afastam-se da nossa vista, apanhados pelas ordens silenciosas da morte omnipresente. É muito curto o lapso durante o qual podemos ajudá-los, durante o qual se decide a sua felicidade ou a sua miséria. Oxalá nos caiba derramar a luz do sol na sua senda, iluminar as suas dores com o bálsamo da simpatia, dar-lhes a pura alegria de um afecto que nunca se cansa, fortalecer o seu ânimo quebrado, inspirar-lhes fé nas horas de desespero"
Bertrand Russell

Acho este texto profundamente inspirador. A vida da maior parte das pessoas é um caminho repleto de desafios, testes, muitas vezes sobre a sombra da dor. Há quem tenha a força de transformar esse percurso num caminho de luz, de transformar a dor em crescimento, de superar os desafios, um a um, por si próprio. No entanto, grande parte das pessoas não o consegue fazer, e cede ao medo e à angústia, que dão lugar a conformismos disfarçados de bem-estar e prazer.
Imaginemo-nos na situação descrita no texto: vagueamos pelo escuro (a vida), frequentemente tropeçando em inimigos de todos os tipos, enfrentando todo o tipo de desafios, passando por vários tipos de dor. De vez em quando cruzamo-nos com outras pessoas que percorrem os seus caminhos, muitas vezes similares aos nossos, outras totalmente diferentes. Há duas situações possíveis: as pessoas com quem nos cruzamos contagiam-nos com a sua angústia e tristeza, com a sua dor ou mesmo e apenas indiferença, em nada contribuíndo para a nossa caminhada; ou então contagiam-nos com a sua alegria e optimismo, partilham connosco um sorriso e dão-nos uma nova força para caminhar, nem que seja por mais uns metros.

Eu sou apologista da segunda situação. Como tal, defendo que não nos devemos cruzar com ninguem sem partilhar algo de bom com essa pessoa, sem lhe oferecer algo que a faça ficar bem disposta mesmo que por uns segundos... nem que seja apenas um sorriso.
Não exige muito de nós, redobra as nossas energias e o nosso ânimo e, acima de tudo, faz uma diferença (mesmo que seja pouca) no dia de alguem.

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