terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Jingle Bells

Vou permitir a mim próprio, apesar de não ser católico, nem religioso... intrometer-me numa das tradições cristãs, e enviar uma carta ao barbudo que se vendeu à coca-cola.
Caro traidor, este ano gostaria de encontrar algumas coisas na minha meia pendurada na lareira. Não tenho lareira, e se tivesse nunca seria um local onde penduraria meias... mas continuando:
Há coisas que gostaria que mudassem.
Sou uma pessoa que não se chateia por ter como valor máximo a tolerância. Tolero o que vai contra a minha perspectiva pessoal do mundo que me rodeia. Tolero mesmo tudo aquilo que não compreendo, pois quem sou eu para sobrevalorizar o meu insignificante mundinho psíquico pessoal, em detrimento dos mundinhos dos outros. Devo aceitar e respeitar tudo o que faz sentido para quem quer que seja. Da mesma forma que tento aceitar todas as circunstâncias com que me deparo, sem criar resistência à realidade, e consequentemente sem criar nenhum tipo de conflito ou desarmonia interior.
No entanto, e apesar do que muitos pensam, aceitação não é letargia, não é cegueira, não é passividade extrema. Uma coisa é respeitar as coisas pelo que são, e outra coisa é ser acrítico. Tenho uma opinião pessoal que exprimo e espero que seja respeitada assim como valorizo as dos outros. Sou feliz, vivo satisfeito de forma quase permanente, no entanto, e obviamente, há coisas que poderiam mudar para melhor, na minha opinião.
Portanto vê lá se desencantas o seguinte, e não te esqueces de trazer da próxima vez que passares na minha chaminé. E mais uma vez, não tenho chaminé.

Quero um mundo em que as pessoas deixem de viver centradas no seu ego. Copérnico já há muito tempo que desenvolveu a sua teoria heliocêntrica, por isso desejo um mundo em que as pessoas abram os olhos. Um mundo em que consigam enxergar o horizonte para além da ponta do seu nariz. Somos 6 biliões, num minúsculo planeta comparado com a imensidão do universo... e quase todos desses 6 biliões se consideram o centro do universo.

Quero um mundo em que as pessoas consigam sair da sua esfera pessoal de percepção do que as rodeia, e consigam olhar o mundo de forma mais objectiva, clara, contextualizada, mais complexa e também mais simples. Que consigam sair de si, colocar-se no lugar dos outros e compreender verdadeiramente o outro ser. Mas não na teoria, e sim na prática. Na prática, quando temos tendência para nos chatearmos com alguem por algo que fez, por exemplo. De dentro da nossa casa no vale não sabemos o que é o vale, por isso mais vale estarmos calados... quando escalamos cada uma das montanhas que circundam o vale, e obtemos diversas perspectivas, diferentes da nossa original, sobre o vale, aí sim subimos na escala da razão e crescemos como seres Humanos com H maiúsculo.

Quero um mundo onde as pessoas se ouçam umas às outras. E na base desta necessidade está mais uma vez o egocentrismo. Como diria Martin Luther King "I have a dream"... eu sonhei com um mundo onde as pessoas deixam de pensar só em si, e de falar só de si, e de avaliar tudo em função de si. Sonhei com um mundo onde as pessoas se importam realmente com o que os outros pensam e sentem. Será pedir demais? Provavelmente... mas até que morra a última sogra, continuarei a ter esperança!

Contribuam para a abolição de todas as fronteiras, em especial as fronteiras que separam o indivíduo dos seres com quem se pseudo-relaciona. Deixem de viver fechados em vós, amem-se verdadeiramente! Não falo de um amor de palavras vazias, de um amor racional, de interesse, de prazer ou de conformismo... falo de um amor verdadeiro, fluído e infinito, sem causa ou origem, e de destino indeterminado. Emana em todas as direcções, sem escolher o que atingir, nem esperar algo em retorno.

Irmão Natal... sim, irmão... porque num mundo onde somos todos iguais e todos irmãos, és mais meu irmão que meu pai. Até ver o teu cariótipo e ter provas do contrário, pelo menos. Caro irmão... não serão precisas mais palavras concerteza. Fico à espera... esperarei até que a minha "lareira" se apague...

2 comentários:

Anónimo disse...

Em tempo de contagem decrescente para o Natal eis um post verdadeiramente pertinente e verdadeiramente cheio de verdades!

Pois é, meu irmão, podes não ser católico, nem religioso, como escreveste, mas descreveste aqui a real essência do Natal. E do Cristianismo: "amai-vos uns aos outros como Eu vos amei". Ou pelo menos o que deveria ser.

"Deixem de viver fechados em vós, amem-se verdadeiramente! Não falo de um amor de palavras vazias, de um amor racional, de interesse, de prazer ou de conformismo... falo de um amor verdadeiro, fluído e infinito, sem causa ou origem, e de destino indeterminado. Emana em todas as direcções, sem escolher o que atingir, nem esperar algo em retorno."

Tá aqui tudo! E esta é só mais uma passagem, entre muitas outras a destacar no teu texto.


Sim, o mais importante não são as prendas. Não tendo, contudo, nada contra, quando são dadas de boa vontade, venham elas! Não sou hipócrita e ADORO O NATAL! Pelo espírito que cria, pela união e amor e paz que traz consigo, mesmo que dure apenas um dia.

E, ao contrário do que muita gente pensa, não acho que seja hipocrisia, porque antes um dia do que nunca. E quem é hipócrita no Natal também o é todos os dias... Por isso, não é o Natal que é hipócrita, mas as pessoas é que assim o fazem ou não.

No final, o que interessa é a boa vontade e o amor ao próximo e ao mundo, pois esta é a melhor maneira de nos amarmos também, como tão bem resumes aqui.

E assim, talvez se concretize o velho cliché do "Natal é quando o Homem quer". Que o Homem assim o queira tds os dias. E que continues a inspirar o Natal tds os dias.

*Baci*

Anónimo disse...

Irmão alegra-te porque é natal e o Lucifer mais uma vez vai invadir a Boa Morte...