sábado, 22 de dezembro de 2007

Observar: a cura para a infelicidade

Quanto mais conscientes de nós próprios nos tornamos, mais autónomos nos tornamos. Quanto mais nos apercebemos das prisões e da falsidade em que vivemos, mais livres e genuínos nos tornamos. Um louco que de repente se apercebe da sua insanidade fica são, e da mesma forma quando nos apercebemos da insanidade em que vivemos as nossas vidas, elas transformam-se para nunca mais voltarem a ser as mesmas. E quando nos afastamos dessa insanidade, desse aprisionamento, mais clara é a nossa visão dela. Quanto menos nos identificamos com a falsidade em que vivíamos, melhor a reconhecemos nos outros.
Quando nos tornamos mais conscientes, tornamo-nos menos condicionados, e o condicionamento nos outros torna-se transparente aos nossos olhos. No entanto, esse condicionamento fica muitas vezes além dos horizontes daqueles que não se conhecem, que não são conscientes acerca de si próprios. Expor alguem ao seu próprio condicionamento é uma tarefa infrutífera, pois a consciência só advém da nossa compreensão dos fenómenos.
Quanto mais observamos e compreendemos profundamente a falsidade e o medo em que está imerso o mundo, mais se torna impensável para nós participar nessa tragédia. Temos medo do passado, medo do futuro, medo de nós próprios, medo dos outros, mas estes medos não são claros para quem permanece ignorante acerca de si próprio. Vivemos sobre o manto do olhar dos outros, usando máscaras e armaduras, mais uma vez devido ao medo que nos habita. Quando isto se torna claro para nós, torna-se também inaceitável, e partimos em busca da liberdade e da autenticidade.

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